terça-feira, 9 de março de 2010

Folhetim

Nada mais folhetinesco que a classe média. Tipo: " viagem a negócios", "me passa o suco por favor", "foi na liquidação", "ai que mulher nojenta", "o dólar subiu", "o dólar desceu", "o dólar está estável", "sabe da última? fulano largou...", "reunião", "acho que agente tem que ser feliz, vai ser feliz", etc, etc. Estamos todos mais ou menos no etc. Sempre a mesma armadilha.
Tenho sonhado com minha pobreza de imagens. Perdi tudo jogando na bolsa. A última imagem esboça a primeira. Mas eu continuo buscando. Teve um sonho que foi assim: havia um casal de crianças dentro de uma casa vazia. As crianças viviam nuas. A casa era grande, muitos cômodos. Os irmãos não conheciam nenhuma língua, não sabiam falar, não se comunicavam. Dai, um belo dia, chega à casa um adulto para ensinar os irmãos a falar. À medida que as crianças aprendiam as palavras a casa ia sendo preenchida de objetos. Depois das palavras vieram as primeiras frases, depois trechos inteiros de conversação. A casa ficou abarrotada de coisas, muitas até dispensáveis. Quando as crianças cresceram já sabiam construir pensamentos complexos, abstratos. Abandonaram a casa e não levaram consigo objeto algum. Restou a casa, que voltou a ser o que sempre foi.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Milagre

Adeus 2009, vai com deus! Arruda, espírito de porco, pede pra cagar e se manda jacaré. Vamos com tudo para o próximo ano. 2010, a missão impossível: botar um sorriso na cara da Dilma. Ninguém sabe como. Mas a publicidade é filha dileta de Jesus. MILAGRE! Eu não vejo a hora de gritar MILAGRE! Tem um amigo que diz que Jesus foi o primeiro publicitário, e macho, diga-se de passagem, porque para utilizar-se daquela fatídica estratégia do prego e da coroa o cabra tinha que ser muito macho. Depois do milagre econômico, agora é a vez do milagre do "nunca na história desse país". Amanhã será o milagre do sorriso. Se segura companheiro. É isso, feliz bebedeira a todos, muito dinheiro no bolso e esbórnia. Porque nunca na história da humanidade houve um país que precisasse de tanto MILAGRE. Milagre, milagre, milagre, somos todos galvões buenos e não desistimos nunca. (toda vez que o milagre não acontecer, eu proponho uma expressão de lamento, é assim: "ai Dunga"). Tchau.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Catanduva pourquoi pas

Olimpíadas 2016 no Brasil.

Eu só não entendo por que não escolheram Catanduva. Que chato.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Insophismavel Ephemeride

Da entrevista que o polímata Terezo Bornay concedeu ao hebdomadário Insophismavel Ephemeride, essa madrugada em seu Big Chalet em Pedrinhas Paulista. Demais, histórica, galvãobuenante.
Entrevistador: - Bem amigos, estamos aqui em Pedrinhas Paulista, num aconchegante Chalet, ao lado de uma verdadeira lenda viva, ele dispensa apresentações, basta dizer seu nome, estamos falando dele, o inenarrável Terezo Bornay. Bem Terezo, eu gostaria de começar (interrupção)..."
Terezo: - Pára de falar "Bem", caralho, isso me irrita. Sem falar "bem", ok? (risos) (risos) (muitos risos)
- Tudo bem, opts, tudo ok Terezo. Bom, como eu ia dizendo, gostaria de começar a entrevista perguntando sobre seu polêmico projeto científico "Mamute congelado para a posteridade", sei que é um assunto delicado...
- Delicado o cacete meu chapa, é assunto vigoroso, coisa de macho. Sabe cara, o projeto Mamute está à frente do seu tempo, é o seguinte, eu defendo que nós temos um patrimônio a ser zelado, temos que defender o que é nosso, o que nos define, então eu pensei em congelar os caras, entende, para que eles sejam descongelados daqui a 100 ou 200 anos, sabe bicho, para essa coisa não acabar nunca, essa coisa que só a ética faz, que é bacana.
- Mas, o senhor poderia especificar melhor pro nosso leitor quem seria congelado.
- Sabe bicho, quem se ligou nos assuntos científicos dos últimos anos conhece o projeto Mamute, me enche o saco ter que falar disso mais uma vez, mas como sua cara me inspira pena, eu falo sim. O projeto Mamute visa congelar grandes personalidades políticas, pessoas destras no trato da coisa pública, gente hábil saca bicho, tipo José Sarney, Paulo Maluf, Renan Calheiros, Fernandinhho, aquele do Castelo, o Heráclito, entende malandro, esses personas que enfim constroem a pátria, cara, só de pensar que esse pessoal vai pra caixa prego eu desanimo. Eles tem que ser congelados para o futuro, não podemos privar as novas gerações da convivência desses gigantes, entende muleque? Então o projeto Mamute é isso, baseado numa premissa ética-humana, preservar nossa essência por meio do congelamento de gente real, de carne osso e máteria espiritual também. Ah, só de pensar nisso ! Que projeto! Congelar, congelar para que nosso bom humor não pereça.
-Claro, todos nós do Insophismavel Ephemeride, e o leitor também, acreditamos nesta idéia. Mas Terezo, como ficou a questão do congelamento do ACM?
- Ah sim, meu brother Toninho, tentamos um primeiro congelamente, mas o processo barrou na burocracia, porque tenho certeza que se dependesse do congresso o projeto passaria, sabe cabritinho, tem sempre gente jogando merda no ventilador, aqueles do contra, gente cega que atrapalha, mas nós vamos continuar lutando, e quando em breve o projeto for implementado, temos a proposta de exumar o ACM para congelar o que restou dessa nobre figura.
(neste instante, Terezo começa a direcionar piscadelas para o entrevistador, que dissimula)
- Terezo, mudando um pouco de assunto, vamos falar agora de seus dotes literários. Como todos sabem, você é o grande recordista de medalhas das Olimpíadas Literárias do Estado de Tocantis (OLET's) com o soma incrível de 16 medalhas. Se me permite falar suas conquistas...
- Fica a vontade cabrito. (um risinho insinuante e silencioso toma-lhe o canto direito da boca)
- São 11 medalhas de ouro, nas seguintes provas: parágrafo tripo, parágrafo em extensão, parágrafo com varas, e parágrafo com barreiras; alenxandrinos com barreitas, alenxandrinos livres, revezamento de alexandrinos 4x100; arremesso de quartetos; maratona de rimas pobres; oração subordina subjuntiva em extensão e oração subordinada subjuntiva rasa.
4 medalhas de prata: soneto em dupla com rimas ricas, soneto individual livre no solo; períodos olímpicos com a palavra oximoro; e cujos ornamentais.
1 medalha de bronze: arcaísmos peso médio ligeiro.

(a entrevista continua na próxima semana porque eu tenho que pegar o ônibus)

domingo, 13 de setembro de 2009

Sinal fechado

Alguém poderia me explicar o destempero do Dunga? Meu deus, tô pasmo com a grosseria desse rapaz. Um cara para ter o cargo que esse cidadão tem, deve, no mínimo, ser diplomático. Caramba, se for pra ganhar chingando todo mundo, prefiro o limbo. Parei. Mas a seleção não está vencendo? Pra que tanta estupidez? Desisto do futebol.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Serviço de Utilidade Pública

Viu, o distinto cidadão Arthur Epaminondas da Conceição, mais conhecido como Maquininha, famoso Prevaricador, Fisiocrata, Beócio, Pelego, Testa-de-Ferro e intérprete de Chopin nas horas vagas, confirma: manterá a greve de fome por período indeterminado. Ainda não se sabe a causa dessa assustadora iniciativa, mas tudo leva a crer na hipótese de uma desilusão de ordem político-amorosa. O Sr. Maquininha promete que irá contar em detalhes o que o levou a deflagrar o motim na sua próxima auto-biografia, que provavelmente será publicada pela Editora Chapéu de Papa, "O caixa-dois da memória, memória de um caixa-dois", se até lá ele não vier a falecer. Vamos aguardar o desfecho dessa história tensa. Esperemos que o Sr. Maquininha volte a saborear os saborosos marmelos da sua empregada Criméria, e que o Sr. Maquininha volte a iluminar as nossas vidas com seu espírito de porco. Por enquanto é isso. Abração.

Esse post é um oferecimento da Casa de Carnes Boi Cotado.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

10 anos de Calangos

Ai caramba! Há dez anos a tinta amarela já estava manchando a roupa branca do Mussarela. Fizemos uma festa para inaugurar a irmandade, e o Salomão, que era dono do imóvel e turco, pintou a casa com giz de cera. Pintou todo mundo. E a Benzica nos recebeu em seu humilde lar com muito carinho. Ela assombrava mais o Minduim, que era o mais medroso apesar do tamanho. No fim acabaram ficando numa boa, Minduim e Benzica, ele só deveria dormir com a luz acesa. Eis o primeiro dia da Calangos. Só não podia chover senão molhava o pessoal. E depois veio o primeiro almoço em família. O Mussa se incumbiu de fazer as honras da casa e foi logo chamando a responsabilidade da alimentação coletiva para si. Resultado: logo na primeira refeição, o arroz queimou. Depois, para se redimir, ele fez outro almoço, mas dessa vez foi pouca a comida, ele ficou com pena de cozinhar o feijão. Dá dó mesmo quando o feijão é graúdo. Ai, vocês podem se perguntar, mas como uma bagaça dessa deu certo? Mas claro que deu, pois nós tínhamos um belo ponta-de-lança, o Pablo, que com sua bagagem e experiência acumulada nos tempos de Ouro Preto nos proporcionou as reuniões necessárias à boa manutenção da República. Êta Rapaz que gostava duma reunião! E ele tinha várias idéias acachapantes, como a proposta da Bandeira, que ainda está tramitando nos bastidores da nova geração. Vida londa à campanha em prol da Bandeiraaaaa! Pois é, foi o mesmo Pablo que incentivou também a nossa conquista do Centro Histórico de Mariana. Então, deixamos a Benzica em paz e nos mudamos para a vizinhança, lá no pátio da escola, uma beleza. Dai, entrou na jogada o Fabriço, que foi morar na divisória. Êta Rapaz que gostava duma divisória! O Fabriço veio para nos salvar. Com seu já famoso e conhecido estilo sisudo, ele imprimiu classe para a Calangos, seriedade, serenidade, elegância, rigor, além de divulgar a nobre cueca de zebra. Pronto, estava formado o primeiro esquadrão Calangos, o rolo compressor da UFOPA, um 4-3-3 que tirava o Zé Arnaldo do sério: Mussa, Minduim, Pablo, Fabriço e este que vos fala. Bom, as histórias são infindáveis, como aquela em que o Minduim se dependurou sobre o orelhão. Até hoje a pergunta não cala: Minduim, o que você estava fazendo pendurado no orelhão? E também teve a salada grega, a macrobiótica do Pablo, a churrasqueira do Rodolfão, uma espécie de turbina portátil, etc. A minha saudade é tão grande que se compara à saudade que o sofá roxo tem do corpo do Mussarela, lembra como se davam perfeitamente? É isso, o narrador não poderia estar mais feliz nesse momento. Como falar de si próprio não pega bem, fico por aqui. Só confirmo que ainda tenho uma certa dificuldade em memorizar o meu telefone, mas um dia chego lá. Vai té quando dé. Se não for isso é isso mesmo. Calangos sempre Calangos.